O Turismo cresceu 4% em 2021, mas permanece muito abaixo dos níveis pré-pandémicos

O Turismo cresceu 4% em 2021, mas permanece muito abaixo dos níveis pré-pandémicos

A primeira edição de 2022 do Barómetro Mundial do Turismo da OMT (Organização Mundial de Turismo) indica que o aumento das taxas de vacinação, combinado com a flexibilização das restrições de viagem devido ao aumento da coordenação e dos protocolos transfronteiriços, ajudaram a liberalizar a procura. O Turismo internacional recuperou moderadamente durante a segunda metade de 2021, com as chegadas internacionais a descer 62% tanto no terceiro como no quarto trimestre, em comparação com os níveis pré-pandémicos. De acordo com dados ainda provisórios, as chegadas internacionais em Dezembro situavam-se 65% abaixo dos níveis de 2019. O impacto total da variante Omicron e do surto nos casos COVID-19 ainda não foi totalmente avaliado.
 
Recuperação lenta e desigual
O ritmo de recuperação continua lento e desigual em todas as regiões do mundo, devido a vários graus de restrições à mobilidade,  diferenciadas taxas de vacinação e confiança dos viajantes. A Europa e as Américas registaram os resultados mais fortes em 2021 em comparação com 2020 (+19% e +17% respectivamente), mas ambos ainda 63% abaixo dos níveis pré-pandémicos.
 
A sub-região, Caraíbas, registou globalmente os melhores resultados (+63% acima de 2020, embora 37% abaixo de 2019), com alguns destinos a aproximarem-se ou a excederem os níveis pré-pandémicos. A Europa do Sul, junto do Mediterrâneo (+57%), e a América Central (+54%) também tiveram uma recuperação significativa, mas permanecem 54% e 56% abaixo dos níveis de 2019, respectivamente. A América do Norte (+17%) e a Europa Central e Oriental (+18%) também subiram acima dos níveis de 2020.
 
Entretanto, a África registou um aumento de 12% nas chegadas em 2021, em comparação com 2020, embora ainda 74% abaixo dos níveis de 2019. No Médio Oriente, as chegadas diminuíram 24% em relação a 2020 e 79% em relação a 2019. Na Ásia e no Pacífico, as chegadas foram ainda 65% abaixo dos níveis de 2020 e de 94% quando comparadas com valores pré-pandémicos, uma vez que muitos destinos permaneceram fechados a viagens não essenciais. 
 
Aumento das despesas de Turismo
A contribuição económica do Turismo em 2021 (medida no produto interno bruto directo do Turismo) é estimada em 1,9 biliões de dólares (*), acima dos 1,6 biliões em 2020, mas ainda muito abaixo do valor pré-pandémico de 3,5 biliões de dólares. As receitas originadas pelas exportações do Turismo internacional poderão exceder 700 biliões de dólares em 2021, uma pequena melhoria em relação a 2020 devido ao aumento das despesas por viagem, mas menos de metade dos 1,7 triliões de dólares registados em 2019.
 
Estima-se que as receitas médias por chegada atinjam 1.500 dólares americanos em 2021, contra 1.300 dólares em 2020. Estes valores ficaram a dever-se às grandes poupanças reprimidas e a períodos de estada mais longos, bem como a preços mais elevados de transporte e alojamento. A França e a Bélgica registaram declínios comparativamente menores nas despesas de Turismo com -37% e -28%, respectivamente, em 2019. A Arábia Saudita (-27%) e Catar (-2%) também registaram resultados um pouco melhores em 2021.
 
Perspectivas para 2022
Segundo o último Painel de Peritos da OMT, a maioria dos profissionais de Turismo (61%) vê melhores perspectivas para 2022. Enquanto 58% esperam uma recuperação em 2022, na sua maioria durante o terceiro trimestre, 42% espera que potencialmente a recuperação ocorra apenas em 2023. A maioria dos peritos (64%) espera agora que as chegadas internacionais regressem aos níveis de 2019 apenas em 2024 ou mais tarde, contra 45% apresentados no inquérito de Setembro.
 
O Índice de Confiança da OMT mostra um ligeiro declínio em Janeiro-Abril de 2022. Uma implementação rápida e mais generalizada da vacinação, seguida de um levantamento importante das restrições de viagem, e uma maior coordenação e informação mais clara sobre os protocolos de viagem, são os principais factores identificados pelos peritos para a recuperação efectiva do Turismo internacional. Os cenários previstos pela OMT indicam que as chegadas de turistas internacionais poderão crescer de 30% a 78% em comparação com 2021, no entanto, isto é ainda 50% a 63% abaixo dos níveis pré-pandémicos.
 
O recente aumento dos casos de COVID-19 e a variante Omicron vieram alterar e perturbar a recuperação, e irá afectar a confiança até ao início de 2022, à medida que alguns países vão reintroduzindo proibições e restrições de viagem para certos destinos turísticos. Ao mesmo tempo, o lançamento da vacinação permanece desigual e muitos destinos ainda têm as suas fronteiras completamente fechadas, principalmente na Ásia e no Pacífico. Um ambiente económico difícil poderá vir a exercer uma pressão adicional sobre a recuperação efectiva do Turismo internacional, com o aumento dos preços do petróleo, o aumento da inflação, o aumento potencial das taxas de juro, os elevados volumes de dívida e a contínua perturbação das cadeias de abastecimento. Contudo, a recuperação do Turismo em curso em muitos mercados, principalmente na Europa e nas Américas, juntamente com o lançamento generalizado da vacinação e um levantamento coordenado das restrições de viagem, poderia ajudar a restaurar a confiança dos consumidores e acelerar a recuperação do Turismo internacional em 2022. 
 
Enquanto o Turismo internacional tenta recuperar, o Turismo doméstico continua a impulsionar a recuperação do sector num número crescente de destinos, particularmente aqueles que possuem grandes mercados domésticos. Segundo os peritos, o Turismo doméstico e as viagens perto de casa, bem como as actividades ao ar livre, os produtos baseados na natureza e o Turismo rural estão entre as principais tendências de viagem que continuarão a moldar o Turismo em 2022.
 
(*) Usada terminologia anglo-saxónica na quantificação das receitas e despesas turísticas.
Fonte: UNWTO, Janeiro, 2022

18 Janeiro 2022